domingo, 2 de junho de 2013

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 ¾ quão rídiculo é, deitar-me e as lágrimas caírem como se tivessem vontade própria. Tento mostrar-lhes quem manda e essas putas ignoram todas as ordens que a minha voz já fraca lhes grita. Dói ceder ao poder das lágrimas. É uma espécie de confirmação da dor que queremos negar mas que nos definha e, piora, à noite. Até sucumbir, grito 'salva-me!' a pulmões abertos. Os gritos eram filtrados pela almofada e nada passam senão de silêncio frustrado. A almofada; a âncora que me mantém presa à realidade.
Deixo-me ir e tudo se transforma. Respiro melhor, o ar está mais leve. Os teus olhos olham-me enquanto os dedos teus me encaminham. Ensinaste-me o rumo para os teus lábios e agora não me deixas viajar. Não é justo. E tu sabes disso. Mas repetiu-se, uma e outra vez, no único momento em que a entrega arriscada se deixou mostrar. O beijo mais genuíno. O mais sincero sorriso. A brincadeira inocente. A complexa cumplicidade de dois mundos que colidem e se misturam, deixando-se sentir, de novo, o renascer do que há muito esqueceram.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012


Não sei explicar a nuvem negra que teima em ser sombra,
As pedras que caminham em frente ao corpo deslocado;
não se partem - esperança morta de que algo bom em si subsista.
Atiradas ao chão, racha-o, a mossa penetra-o;
a pedra, poupada de qualquer pesar,
Continua surda, cega, muda.
o ser extravagante expôe fragilidades obscuras, temores
incessantes de sólida firmeza;
aprazia-lhe o ermo, silêncio que sussura doces palavras de alma corajosa.

Só algumas mágicas auras
te dão o privilégio de conhecer e sentir, os mais belos e transcedentes seres da vida,
peregrinos sem destino.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Porque sentimos nós, uma amarga nostalgia das páginas iniciais do nosso ainda pequeno livro? Com tão pouco vivido e já a recordar como se décadas se tivessem passado desde que vimos o sorriso genuíno e ingénuo nos nossos reflexos.
Porque sentimos nós falta de quem não sente a falta da nossa presença? Masoquismo mero, idiotice? Por muito que digam que não, não acredites. 
Sentimos falta do que foi 
irremediavelmente bom, dos poucos momentos em que tiveste a certeza que nasceste para ali estares a sorrir. Mesmo que nessa onda venham conchas partidas que te arranham as pernas com a força da maré, pelo menos enquanto doía, havia e enquanto havia, sorria. Sem dor, sem sorrisos, sem felicidade e sem arranhões, mas há dias sem voz.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

A vida é um jogo. Qualquer número pode sair, qualquer carta pode ser virada. Todas as decisões envolvem um risco, todos os movimentos têm consequências. Não idealizo a minha vida como uma partida de poker, ou os sentimentos como cartas ou decisões como técnicas de jogo. Pros, contras, vícios, sonhos, dor, quedas. Crescemos e aprendemos, como ouvimos todos os dias. Mas tem de haver algo mais que is
so, não? Digo eu. Crer que exista mais para além de biliões de pessoas, com uma vida própria cuja decisão pode afectar uma desconhecida e aleatória situação do outro lado do mundo? Reencarnações e vidas passadas, céu e inferno, um nada, o quê? Qual o propósito, como foi, quem foi, assuberba-me, assuta-me, envolve-me em terríveis horas de questões sem resposta e teorias idealizadas ou meras convicções que a sociedade me quer injectar. O que é verdade? No que é que podemos acreditar e, em quem, nos dias de hoje? Entristece-me -amarga e arrepia- esta perda constante da busca, de ânsia por conhecer, ou da sede do ser e viver. Conforme dizem, conforme fazem, escravos vítimas de si próprios e de falsas crenças oferecidas numa prateada bandeja tal aperitivo de camarão - e aceites sem soslaio.
No que está o mundo a transformar-se? Vejo-os cegos. Nas corridas matinais, nos sinais de trânsito, frustrados, sorridentes como se um ferro agarrado as extremidades dos seus lábios, os puxassem, sendo subtilmente escondido pelos cabelos dos manequins sem alma que se mexem conforme lhes mexes os membros. Ninguém se preocupa, ninguém vê ou... Só estou a ter um horrível pesadelo e irei acordar, suada e assustada num mundo pefeito?

domingo, 22 de abril de 2012

Não é a vida que te fode.

Não é a vida que te fode. És tu que te injectas com as as mais nocivas drogas. Apertas o garrote e o teu braço apertado vai revelando as veias cheias de sangue, saudável que tu queres estragar. 
Queres penetrar a fina agulha na pele, em cheio na vulnerável presa que te pertence, a tua veia. Sorris e achas que fazes uma grande coisa enquanto empurras o líquido frio e injectas em ti o pior.
- olha para ti, agora. Sentado a chorar por ela. Ela faz de ti o que queres; ela assobia, tu vais. És o cãozinho dela, a sua mascote que não exibe mas usa, curioso hein?
É isso que queres para ti? Uma simples e mera nua e crua rudeza? A dor dessa humilhação e da frustração de lutas sem fim, ilusões reais, visíveis a olho nú. Não precisas de nenhum microscópio nem de uma bata para perceber que o único que está a injectar-se, és tu.
Injectas-te com ela, injectas-te com os teus vícios, injectas-te com a tua preguiça, com o teu egoísmo. Injectas-te de inveja, e deixas-te consumir pela necessidade de mais e mais. O teu corpo, por fora, está melhor que nunca! Uau! Isso sim é estar em forma, e então e, aí dentro, como é que se vai? Assiste-se no teu interior o processo de decomposição semelhante ao de um cadáver; à excepção que os teus órgãos não estão liquefeitos nem cheiras a ranço mas a podridão faz de ti seu refém, e o teu sistema imunitário está no modo off. Foste esperto em baixar todas as guardas mais uma vez, e desligar o botão. Arriscas a primeira, és corajoso, arriscas a segunda, perdes, és fraco, arriscas a terceira, a quarta, a quinta, .., a décima vez e és estúpido.
Arranquei-te a seringa da mão e acredita quando te agarro no queixo, te olho nos olhos e seriamente te digo que essa não é a solução. Com um safanão, mando todo o arsenal que tinhas preparado para esse estúpido ritual e bato-te, não com força, mas com frustração. Frustração de te querer espancar, bater com tanta força, para ver se abrias a cabeça, se aprendias alguma coisa. Desta vez não vai ser assim, não vais andar mais a cambalear sempre pelas mesmas ruas, apagadas e a cheirar a mijo, com ratos a comer restos do saco de lixo que os cães rasgaram.
Lava a cara, aliás, toma banho, esfrega-te, e larga toda essa sujidade. Olha-te ao espelho. Veste a tua roupa preferida. Põe o teu perfume. Penteia-te. Arranja a gola da camisola que está toda desajeitada. Calça as tuas botas gastas e sujas e volta a olhar-te ao espelho. Veste o casaco. Olha-te ao espelho. Sorri, e pensa simplesmente, que aquilo que tu és poucos o são, poucos o serão e muitos o invejam, muitos o desconhecem, muitos o admiram, muitos o protegem mas apenas tu o tens. Cuida de ti, gosta de ti, vive por ti.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

O meu quadro.

A natureza humana é engraçada. Todas as pessoas passam pelas mesmas experiências mas sentem e agem perante estas de maneiras tão diferentes. Alguns encontram um caminho positivo e saudável, outros afogam-se no seu próprio martírio e deixam-se abater, deixam-se espezinhar e rebaixar, acabando por se sentir um pedaço de lixo. Outros nem eles próprios sabem no que é que se enfiaram e cambaleiam pelas ruas sem qualquer destino; disfarçados de secretárias, senhores de fato e cabelo com gel, senhoras que lêm livros de auto ajuda no metro, com o idoso que olha com ar assustado para a jovem que brinca com o piercing da língua.
Eu, ando aqui, observo e vivo. Dou demasiada importância aquilo que já passou. É usual apontarem as consequências negativas que isso me traz, ainda assim, é-me inevitável. O passado é como uma casa antiga, onde entramos e somos derrubados pelo cheiro a velho, a solidão. Nas paredes, molduras protegem momentos de qualidade pouco ou nada semelhante ao que estamos acostumados. Perderam a cor como perderam a vida quem ali posa. Tudo mudou mas a casa onde viviam é agora onde estamos a cheirar paredes antigas. As experiências, os risos e as lágrimas que ecoaram nas paredes daquela casa, que caíram no tapete já ruço, abatido, cruzam-se agora contigo. É isto que sinto com o passado. Todos os dias visito aquele sítio, entro naquela casa e sinto aquele cheiro e vejo as pessoas. Toco as paredes e a minha voz repete-se.
Vê-se as mudanças e, tudo se cruza, tudo tem um quê de estar relacionado. As coisas são o que são e há uma insistência inconsciente em preferir ser-se cego a ver a verdade nua e crua como é.
Escondo-me nessa casa que há aqui, é o sítio onde me protejo, onde preservo tudo o que sou. É naquele canto que surgem pensamentos e palavras como a humidade e o pó surgem nas escadas de madeira daquela casa. Com o tempo, acumulam-se, como os sentimentos.
A parede branca, ansiosa de cor, que éramos no inicio, agora está pintada de uma mistela estranha. Há marcas de buracos, uns fundos outros mais apagados, pouco se vêm; parafusos? Quadros pendurados que foram arrancados? Fotografias? Guarda-se na imaginação de cada um. Há cor. Guarda-se na tua imaginação. A parede que somos é a parede que a nossa vida tem sido, desde que era branca, pura e virgem. A parede que somos é a parede que temos construído, a que a vida nos tem dado, com tons sombrios, quentes e frios. É uma mistela. Eu gosto de mistelas, mixórdias, misturas. Tem uma sonoridade diferente também.
A homogeneidade é chata e cansativa. A heterogeneidade é rebelde, diferente e louca. Conclui-se então que é uma parede com uma coloração de homogeneidade heterogénea passível de satisfazer as mais requintadas imaginações, no final, só eu a toco. Só eu a vejo. Só eu a conheço.   

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Nos dias que correm, pouco ou nada posso dizer acerca do meu coração.

Nos dias que correm, pouco ou nada posso dizer acerca do meu coração. Tem estado preso na solitária; às vezes, pergunto-me se realmente merece lá estar, se não é mais um caso de injustiça em que o inocente prova o amargo castigo. Muitos acompanharam, muitos apoiaram, muitos julgaram mas nenhum soube, nem saberá o que era o mundo que apenas nós partilhávamos. 
Sei, de consciência plena, e assumo, que te dei o meu coração – de mão beijada. Conhecias tudo de mim, desde o mais belo traço ao mais ruim defeito; percorreste as ruas tristes dos meus pensamentos, desconhecidas para o mundo, deste-me a mão e estiveste lá sentado comigo. Conhecias o continente dos meus medos, as terras e cidades de sonhos e ânsias que nascem em mim.
Sou uma estrada difícil. Pouca visibilidade, curvas acentuadas. Gostava que tivesses conhecido melhor o caminho de terra batida, perante uma magnifica paisagem de verde claro, esbatido com o azul do céu; saboreado pelo vento cortado pelas asas dos pássaros. Sem curvas, uma recta que não termina, apenas deixamos de a conseguir ver quando se perde o seu contorno no horizonte.
Quero-te olhar, tenho saudades de ver, observar-te. Tanto tempo que passei a olhar-te enquanto te fazia festinhas e tu, dormias, que nem um anjo. Ao acordares, sorrias, ao ver-me ao teu lado, e com os olhos ainda meio fechados pedias-me um beijo.
Nestes momentos pensamos como é mau o tempo não voltar atrás. Não existir uma segunda chance que nos deixe corrigir os nossos erros, evitar os conflitos e obtar pelo plano B. Ou pelo menos, que tu me deixasses mostrar-te um plano C para nós. Um plano que outrora seria impossível pensar que existira – um plano onde o nosso mundo renasce, mais maduro e belo, mais azul e intenso, mais eterno e quente.
Enquanto estas palavras ficam no registo da memória da máquina, eu penso que, estejas a fazer o que quer que seja, estejas a dormir ou simplesmente na cama, a ver televisão, não estás a pensar em mim. Não estou a latejar nas tuas veias, não escorro pelos teus olhos… Talvez as coisas mudem, talvez não. Talvez seja dito agora, da boca para fora, não, isso não o é certamente mas, tu, serás sempre, tu, para mim. Fizeste mais que parte de mim, foste mais que uma visita. Foste um mundo, uma viagem perfeita por caminhos que sonho em percorrer toda a minha vida. Foste aquilo que um dia gostava que fosses, novamente. Renascidos das cinzas como fénix num céu sem nuvens.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Fui lavar a Alma.

Esqueci-me do que eram estes momentos. Esqueci-me que podia vivê-los. Acho que no fundo não me esqueci - senão não estaria aqui sentada, onde estou. 
Simplesmente há muito que não me lembrava do quanto me fazem bem; fizeram-me falta, vocês, pá!
Procurei um lugar ideal para me sentar. Nenhum parecia suficientemente chamativo.
Farejava o sítio como um cão aflito para fazer as suas necessidades, a minha necessidade naquele momento era encontrar aquele metro quadrado, aquele bocado de cimento esbatido.
Umas grades rasgadas, meias camufladas pelos traseuntes que passam pelo rio e lhe são indiferentes. É ali.
Afastei a grade; quebrei o muro que me impedia a visão total daquela paisagem; daquele quadro pintado a óleo, com tanto cuidado. O vento é fresco, é suave, tem um aroma estranho; por vezes, parece mar por vezes, uma mistura de cheiro a sujo sente-se.
Mas naquele momento era aí que eu queria estar. Não tive noção disso até lá chegar, mas quando o encontrei, eu soube. 
Esse mesmo vento decidiu virar-se para mim, agora sim, cheira a rio; uma fresca brisa refresca as maças do rosto encarnadas, quentes pelo sol. 
Não oiço vozes, não oiço os carros, não oiço as obras, nem as buzinas, nem as vozes irritadas ao telemóvel ou a travagem repentina. Tudo isso está a acontecer, mas estou-lhes surda.
Não interessa agora. Estou demasiado ocupada a tentar traduzir e compreender as palavras da gaivota branca que está a quinhentos metros de mim. Voou; olho o céu, e fechando os olhos, sinto-me a flutuar. 
Estou agora no rio, de barriga para cima, braços e pernas esticados, abertos, a flutuar, de olhos fechados levada pelas ondulações ora mais fortes, ora suaves da água do rio Tejo.
Hoje estou assim. Não quero pensar. Não me apetece.
Este momento está-me a encher o peito; o copo que antes parecia vazio, parece agora meio cheio.
A gaivota passou aqui, de novo.
O rio sorri-me.
O sol sorri-me.
O vento sorri-me. 
As pessoas estão demasiado ocupadas para sorrir, mas mesmo assim, sorrio-lhes,
sorrio ao rio, sorrio ao sol, sorrio ao vento. À gaivota... E a ti.

sábado, 12 de fevereiro de 2011


O tempo corre, e a inspiração condena as minhas palavras,
mudas,
gritos esgotantes, transformados em silêncios transtornantes,
que ninguém ouve.
Moi, e doi,
e quanto mais desejo e tento acreditar que tudo correrá melhor,
naufrago no mais violento mar de pessimismo,
ficando eu, sozinha, num escuro abismo.

domingo, 21 de novembro de 2010

Namastê.







Não importa o que temos. O que tivemos ou o que podemos vir a ter. Não importa o que fizemos de errado, o tempo não volta atrás para corrigirmos os nossos erros.
Não importa percebê-los, e não fazer nada. Importa, aprender e crescer.
Não importa o que de mal tenhamos feito, se já o compensamos com o bem que fazemos.
Não importa o que fomos, importa sim, para não nos esquecermos que foi daí que viemos. Que foi daí que evoluímos para o que somos hoje. Não vamos voltar ali, mas o ali, vai ter de estar sempre aqui, a recordar-nos de quem somos.
E  quem somos, é o que mais importa.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

fight for you, fight for happiness

É triste.
É triste olharmos para o lado e observar o quão 'sozinhos' estamos no meio de toda esta multidão. Somos julgados, bem ou mal, existem juízos, esses que os fazem pensar ou recriar ilusões nas suas mentes acerca das pessoas que por eles passam.
É triste, sentir o vazio dentro de nós da infelicidade. É triste sentir uma lágrima escorrer pela nossa cara quente, enquanto tentamos adormecer, mas tudo nos impede.
É triste sofrer, é triste desistir.
Sofrer, é essencial por difícil que seja de o aceitar.
Mas desistir, ou lutar, está nas nossas mãos. Está na capacidade mais díficil, a meu ver, que nos foi oferecida; o nosso poder de decisão. Temos liberdade de escolha, o que não facilita, talvez por vezes até complique.
Reconhecemos o caminho certo, o errado. O mais fácil, o que não nos traz o sofrimento tem placar a dizer "percorre-me" mas, a verdade é que esses caminhos nos enganam. Enganam-nos ao alimentar a ideia de que somos demasiado fracos para lutar perante a dor, de que iremos ficar sozinhos, a lutar por algo, em vão.
O valor está na decisão tomada, difícil, dolorosa, mas essa luta traz-nos força, esperança, "fé" em nós próprios.
É bom sentir que lutar, mesmo que seja contra a maré;
Seguir o nosso instinto, de lutar ou ficar quieto e seguir o rumo mais simples,
Possa ter mais impacto positivo na nossa vida, do que aquilo que possamos imaginar.
É bom olhar para o lado e ver-te a sorrir.
É incrível olhar-te nos olhos e ver a pureza e genuidade de cada gesto.
Enche-me o coração saber que existes;
Saber que existe alguém que me faz sentir desta forma. Como nunca soube, nem sei nem algum dia irei conseguir explicar. Afinal, há coisas incríveis mas inexplicáveis pela sua grandeza.

B'.


 Aishiteru. *

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

PUNK. Д
Talvez partilhar um pouco da real história do Punk, deixando de lado os malditos e tristes preconceitos.
(Surge nos anos 70, o movimento revolucionário), Vamos deixar de lado a ideia da sociedade relativamente aos punks, que têm de ser sujos, pobres e que irão morrer na miséria, sozinhos, perdidos na droga e em batalhas perdidas.
Isso não faz sentido.
Antes de pressupôr o que quer que seja, seria interessante, observar, viver o punk, nas ruas. Nas suas origens.
O Punk tem variados ideias, sendo estes; o princípio de autonomia do auto-didacta, que faz ele próprio o que tem de fazer, o interesse (muitas vezes, inconsciente) pela aparência agressiva, a simplicidade e humildade do seu estilo de vista, o sarcasmo niilista e a subversão da cultura. Entre os elementos culturais do punk podemos encontrar coisas que talvez muitos nem imaginem. O estilo musical, a aparência (obviamente) mas no entanto, as artes plásticas, escrita (poesia, por exemplo) e, claro, o comportamento. Este depende claramente da pessoa em sim, que pode ou não seguir os princípios e ideais éticos e políticos característicos do punk.
Podemos ainda referir o facto de existirem variados símbolos, expressões linguísticas e de comunicação entre eles.
O punk, tal como tudo na vida, tem o seu lado bom e o seu lado mau. O lado dos que fazem disto o seu estilo de vida, ou o lado daqueles que 'wow, sou fixe, punk e tal'.
MAS o Punk acredita em valores éticos e morais como anti-machismo, anti-homofobia, anti-fascismo, amor livre, anti-lideranças, liberdade individual, autodidatismo, iconoclastia, e cosmopolismo.

Existem ainda outras "vertentes" do movimento como por exemplo, o straight edge que se se caracteriza como "livres de drogas" não consumindo qualquer substância que altere o seu estado físico e/ou psicológico.
Alguns punks evitam relações com os media, por escola própria, pela sua filosofia, o que torna bastante comum o total desconhecimento público de escritores, de publicações alternativas, de poetas ou artistas plásticos. Cada um cria o seu próprio rumo, podendo promovê-los com palestras, festivais, nem que seja em panfletos distribuidos nas ruas.
Um pequeno aparte, filosófico, sendo a perspectiva de Nietzche relativamente ao niilismo (passivo): 
«O niilismo passivo, ou niilismo incompleto, podia ser considerado uma evolução do indivíduo, mas jamais uma transvaloração ou mudança nos valores. Através do anarquismo ou socialismo compreende-se um avanço; porém, os valores demolidos darão lugar para novos valores. É a negação do desperdício da força vital na esperança vã de uma recompensa ou de um sentido para a vida; opondo-se frontalmente a autores socráticos e, obviamente, à moral cristã, nega que a vida deva ser regida por qualquer tipo de padrão moral tendo em vista um mundo superior, pois isso faz com que o homem minta a si próprio, falsifique-se, enquanto vive a vida fixado numa mentira. Assim no niilismo não se promove a criação de qualquer tipo de valores, já que ela é considerada uma atitute negativa.»

Pontos de vista. Ideias.
Pre-conceitos. Julgamentos. Positivos para uns, negativos para outros.
Eu encontro-me no punk.
Olho-os como Pessoas que lutam pelo que acreditam, respeitam o outro e mais importante que tudo, são felizes consigo próprios, revoltados com a sociedade, e tudo isso, honestamente, faz bastante sentido.
Cristas? Incríveis. Cabedal, picos? Preto, e roupa rasgada?
Secalhar dão mais valor à Vida do que aqueles que se derretem em Louis Vitton e Dolces e Gabbanas. O pessoal fica-se pela botinha, e pelo mais simples, reles, bacano (chamem-lhe o que quiserem) possível.

Punk's not dead.
http://www.youtube.com/watch?v=0gLD3-trfBE - The Casualties - We're all we have

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

-desabafo solitário-

Quero deitar-me do teu lado, sentir esse calor que me deixa desprovida de qualquer coisa;
Apenas deitada no teu peito.
Quero ouvir o bater do teu coração.
Quero olhar-te nos olhos, e ver o que de maravilhoso sempre vi.
Quero passear contigo,
Rir, sem parar,
Chorar, se assim tiver de ser.
Mas há algo que quero mais que tudo,
ver-te Feliz, fazer-te Feliz e,
Amar-te,
pois posso dizer-to, de coração aberto,
que nunca ninguém irá substituir o que és, foste, e, quem sabe, serás para mim. Mas de braços no ar, irei lutar, mesmo que seja em vão; não quero acabar com o pensamento de que não fiz tudo o que esteve ao meu alcance para te reconquistar, para te sentir, para te amar, como nunca amei, para te compensar por tudo.
Um dia, quero ver erguidas as paredes que desejámos construir juntos, para que conseguissemos, ter-nos um ao outro, sem que nada nem ninguém tivesse hipótese de invadir o nosso mundo.
Azul.
Único. Agora percebo o que é amar. O amor deixa-nos cegos.
O amor faz matar, faz com que se vá a luta. À guerra.
Lutar, sem baixar a cabeça,
amar é das forças mais poderosas da vida.
Confuso, doloroso,
Feliz, eterno,
Mas existe. Em todos nós.
O que é a dor de amar, o que é o medo, e o receio de perder a pessoa que tanto desejaríamos que permanecesse, sempre, connosco.
Quero acreditar que o sempre existe.

-desabafo solitário-

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

()Poeta perdido, onde arranjas tu palavras para descrever a dor, a mágoa e desilusão que surgem dentro de nós?
O conflito dentro de ti, como o vês?
Tenho sede de respostas. De saber, o concreto, e sonhar, o meu abstracto.
Tenho de sede de ser um dia, um dos textos harmoniosos e felizes, deixando para trás as palavras melancólicas e desapontadas com o mundo.
Quero ser o sol reflectido no rio,
Quero ser a suave ondulação,
Quero ser.
Traz-me inspiração enquanto passeio nas linhas dos teus textos, talvez há muito escritos num pedaço de papel.. Tal como eu faço.
A âncora foi lançada; ficou presa no medo, na insegurança, no não ser nada concreto.
Liberta-me;
Tira-me, puxa-me, desta teia emaranhada.
Antes pessoa,
agora vítima da aranha faminta de vida.
Mas ela não me vencerá,
Sei, porque afinal,
mais que tudo, não quero ser só pessoa, quero ser alguém.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Falsas Inocências

"detesto a inocência. a inocência fingida. odeio todos aqueles que se resguardam na inocência para poupar a tristeza dos outros. detesto-te quando queres fugir ao julgamento de tudo o que sentem por ti. nunca estamos sós. pensa nisso, nunca estamos a sós com a nossa vida. existem sempre os outros, o sentimento deles a construir vedações à volta do que sentimos também por eles. há uma troca de vidas, palavras que não são margens nem são pontes; palavras que são tudo o que nos resta para morrermos. lê o que eu escrevo. não sei onde vou buscar tudo isto, não sei. e se eu te disser que o sofrimento é uma atracção daqueles seres profundos onde não os atingimos nem a gritar? temo que sejas uma criatura assim. alimentas-te do teu próprio eco. muitas vezes agi de cabeça quente de criança a desmontar peças existenciais porque não sei onde começa o humano e acaba a monstruosidade do que sinto pelo mundo das pessoas. não acredito em inocências. não há farsa maior e bem construída que os sentimentos que se ocultam numa verdade inocentemente fingida. se eu te dissesse tudo o que sinto, tudo a respeito da tua inocência, teria de me destruir para dar um sentido à minha honestidade. os humanos vivem no subconsciente das suas próprias verdades, e tudo o que expõem de positivo são ruínas que se erguem debaixo dos nossos dias."
 Fernando Esteves Pinto
Deixamos que a nossa vida fique por um fio, deixando que tudo isto se torne num cancro, deixando-nos cada vez mais vulneráveis, deixando isto avançar. Insegurança, medo, possessão, falta de auto-conhecimento e auto estima. Respeitarmo-nos, seguir a nossa (ou a melhor, aos nossos olhos) conduta de vida, nunca esquecendo três elementos essênciais; a moral, a ética e o respeito.
É através dos outros, de após os observarmos, criticarmos ou julgarmos que criamos a nossa própria imagem. É reconhecendo no outro, defeitos, virtudes ou o que quer que seja que faz com que nos vejamos ao espelho.
Imagem distorcida, mal focada.

Prisioneira do teu corpo,
Cela onde perpetuamente quero ficar.
Escraviza-me. Arrasta-me, Ama-me.
É esse o preço do teu amor?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Rio...

Santa Engrácia vista de Santa ApolóniaO sol prepara-se para o seu repouso,
por detrás dos velhos prédios, essências caracteristicas.
Santa Apolónia, onde entram e saiem multidões, com destinos traçados, ou por descobrir.
O meu destino actual remete-se apenas a onde estou,
a observar o rio, os pescadores que agora regressam ao porto.
Apesar de estar na sua hora, os raios de sol emanaram-se.
Uma gaivota passeia a meu lado. Invejo-a neste momento, voa sem destino, observa o sol mais de perto,
sobrevoa o rio, é livre.
As folhas do meu bloco esvoaçam mas seguro-as,
com pulso firme, pois cada vez me apercebo mais que são elas, humildes, sem vida,
que me ouvem, que me deixam dizer o que sinto, até ao mais ínfimo pormenor.
Sem pudor. Sem medo, sem vergonha.
Sonho, desejo, a tranquilidade de consciência e a paz da minha Alma, do meu Espirito.
O rio corre, sem que ninguém o controle, o sol põe-se sem que ninguém o detenha, a lua entra em cena, quando chega a sua fala.
As lágrimas minhas, agora partilhadas ao Tejo.. E a estas linhas que escrevo.. Gostaria que partilhassem também a todos o que vai neste ilha, agora isolada pelo mar, nesta cela, agora presa.
Tudo tenho, e nada tenho.

" Aceito humildemente esta honra... "
Não é a honra que nos ensina a ser humildes, mas sim a dor e a mágoa da humilhação.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

rua sem saída.

É giro (ou talvez não o seja) olhar para o lado e ver que o meu mundo, a minha forma de estar é peculiar. Nada dos mundos exteriores que me rodeiam, monótonos e inquietantes de tão pouca essência, me seduz.
Seduz-me a dúvida, a paixão pela vida, a questão, a corda bamba, o fora de lei, o vivo.
Eu e aqueles que nestes mundos paralelos vivemos, e para quem olham de lado enquanto percorremos as ruas da nossa cidade, não sendo aceites pela sociedade em que estamos inseridos, apenas temos uma solução. 
Manteremos os nossos mundos, presentes, sempre, aparte do 'vosso', e a sociedade deixa então de ser um todo do qual necessitamos, do ser social, passando a ser simplesmente um utensílio que utilizamos quando precisamos, para construir o nosso próprio barco, rumo à nossa felicidade, desconhecida, estranha e excêntrica.
Mantemos o contacto necessário, mas não chegarão nunca a conhecer o nosso melhor, o nosso íntimo, a nossa alma porque aí, aí têm acesso vedado.